quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Consciência Quântica

            A partir de Delgalarrondo (2008) é possível compreender que há diversas concepções sobre a consciência, o termo pode se referir a: um estado de ativação cerebral que oscila em níveis (sono – vigília); soma de experiências conscientes ou a capacidade de perceber e interagir com a realidade conscientemente. Além destas concepções, temos a visão espiritual e religiosa de que a consciência está presente em um espírito ou alma. Apresentaremos agora a visão defendida pelo professor Stuart Hameroff da Universidade do Arizona, que já foi divulgada anteriormente pelo cientista Robert Lanza. É necessário esclarecer que esta nova visão parte da concepção da consciência como uma soma de experiências conscientes.
            Dentro desta nova visão a consciência não está localizada no cérebro, que, por sua vez, pode ser comparado a um “computador quântico”. O cérebro seria o receptor desta consciência, na qual se encontra o conjunto de informações conscientes que o indivíduo adquiriu ao longo de sua existência. Dentro da visão quântica existem unidades armazenadoras de informações em todo o universo e não só no cérebro.   A partir desta constatação é possível conceber a conexão entre estas unidades armazenadoras, dentro e fora do cérebro, e a consciência, contendo as informações armazenadas, estaria também conectada ao universo como um todo. O vídeo a seguir explica essa visão:


            A concepção de uma consciência não local foi compartilhada pelo pesquisador Jacobo Grinberg da Universidade do México, que realizou um experimento no qual duas pessoas se comunicaram sem nenhuma troca de sinais. Neste experimento os resultados foram avaliados pelo exame de EEG e as pessoas ficaram separadas em duas “Gaiolas de Faraday” diferentes, cujas paredes impediam a passagem de ondas eletromagnéticas. Esta pesquisa foi repetida por Peter Fenwick em 1998 e por Leona Standish em 2004, obtendo resultados semelhantes. Veja mais detalhes no vídeo "Telepatia e Ciência: As Evidências - O Ativista Quântico - Amit Goswami" disponível no link: http://www.youtube.com/watch?v=myvdp_qAyp0
          A ideia de uma consciência não local aproxima pesquisas científicas de uma concepção que já existia há muito tempo nos discursos espirituais de algumas religiões, pois indica a existência de uma dimensão extracorpórea. Além disso, dentro desta visão existiria uma alma eterna, que seria constituída pelo mesmo “tecido” do universo; corroborando com as crenças hindus e budistas de que somos parte de uma consciência suprema e infinita, que, por sua vez, constitui o universo. O tema ainda está sendo estudado e os debates continuarão.

Acesse mais informações no link a seguir:
http://www.gamevicio.com/i/noticias/179/179404-cientista-afirma-que-a-teoria-quantica-prova-que-a-consciencia-vai-para-outro-universo-pos-a-morte/

Referências Bibliográficas
Delgalarrondo, P. (2008). Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Editora: ArteMed. 

Consciência, Ciência e Espiritualidade


O termo Experiência de Quase-Morte surgiu a partir de um livro publicado por Raymond Moody, que descreveu experiências de pessoas que quase morreram. Estas experiências incluem a visão de um túnel e de uma luz forte, a sensação de estar em uma outra dimensão, a sensação de estar fora do corpo e de poder vê-lo de cima, um sentimento de paz, a percepção de seres não-físicos, a experiência de rever a sua vida, entre outros fenômenos. O estudo deste tema levanta polêmicas, dentre as quais destacaria a questão da consciência e da espiritualidade.
             O conceito de consciência já é por si só bastante controverso. Delgalarrondo (2008) informa que o termo “consciência” pode ser usado com diversos significados: referindo-se a um estado de ativação cerebral que oscila em níveis (sono ou vigília); referindo-se a soma das experiências conscientes ou a capacidade subjetiva de perceber e interagir com a realidade. Além disso, a consciência é considerada uma função da mente e desde a época de Descartes há um debate sobre a relação entre a mente e o corpo. Partindo de concepções religiosas, a mente e a consciência podem estar associadas a uma alma, mas para a neurociência ambas estão localizadas no cérebro, dependendo do seu funcionamento.
            A ciência busca entender se as experiências de quase-morte resultam de processos cerebrais alterados, que causariam estados alterados de consciência, produzindo os fenômenos relatados. Porém, se estas experiências ocorrerem em períodos de inconsciência (diminuição ou ausência de ativação cerebral) diante de diagnósticos de morte clínica, pode-se questionar se a consciência e os processos mentais realmente dependem do funcionamento cerebral. E é neste ponto que a ciência encontra a espiritualidade: existiria alma? Vida após a morte?
            A ciência nasceu buscando novas explicações, além das fornecidas pela religião. A religião acabou se tornando um objeto de estudo da própria ciência e as experiências religiosas ou espirituais também são investigadas. É importante destacar que religião e espiritualidade são diferentes, neste blog compreendemos que a religião é uma forma de vivenciar a espiritualidade dentro de determinados contextos socioculturais. Mas a espiritualidade não está limitada a uma religião específica e pode ser compreendida como um contato com pensamentos e sentimentos superiores ou transcendentes (Elias e Giglio, 2002). 
            Koenig (2001, como citado em Peres et. al., 2007)  defende uma visão semelhante à nossa quando informa que há uma diferença entre espiritualidade e religião, sendo a última conceituada como "[...] um sistema organizado de crenças, práticas, rituais e símbolos projetados para auxiliar a proximidade do indivíduo com o sagrado e/ou transcendente", enquanto a espiritualidade seria "[...] uma busca pessoal de respostas sobre o significado da vida e o relacionamento com o sagrado e/ou transcendente" (p.137). 
         Quando a ciência se encontra com a espiritualidade, os pesquisadores buscam explicações que ultrapassem as fronteiras religiosas. Ou seja, não se busca a confirmação das crenças de determinadas religiões, mas considera-se o conteúdo espiritual do fenômeno a ser estudado, ainda que as hipóteses explicativas propostas pela ciência possam divergir  dos discursos espirituais. 
             No estudo das EQMs, produzido neste blog, a espiritualidade aparece de duas formas. Nos relatos sobre as experiências, percebe-se, em sua maioria, a espiritualidade como uma busca pela transcendência, produzindo efeitos na subjetividade de quem as vivenciou (ver o marcador ao lado sobre Religião e EQM / Espiritualidade e Saúde). Neste sentido, a espiritualidade se encaixa na conceituação proposta anteriormente. Por outro lado, a espiritualidade aparece em conflito com a ciência na discussão sobre a localização da consciência: alguns pesquisadores buscam comprovar que a mesma está localizada no cérebro (ver marcador ao lado sobre  O Cérebro nas EQMs), enquanto outros aceitam e investigam a possibilidade da não-localidade (ver publicação sobre Consciência Quântica), que converge com o discurso espiritual.
                  Consideramos que a espiritualidade entraria como complemento na tentativa de preencher lacunas na ciência, mas que esta pode encontrar outras explicações. Porém, ainda que os cientistas consigam confirmar o pressuposto de que a consciência é produto do cérebro, o conteúdo espiritual, como uma busca pela transcendência, permanecerá presente nas vivências destas experiências. Portanto, nosso objetivo é mostrar que apesar das divergências entre os diversos pontos de vista, tanto a ciência quanto a espiritualidade estão presentes no estudo deste tema e um diálogo entre estas duas dimensões enriquece a compreensão deste complexo fenômeno. 
            
Você pode buscar mais informações sobre o tema acessando os marcadores ao lado, “O que você quer saber?”, e se quiser saber quem são as autoras deste blog, acesse “Quem Somos”. 

Referências Bibliográficas:

PERES, J.F.P. et al. (2007). Espiritualidade, religiosidade e psicoterapia. Revista de Psicologia. Clínica. v.34, supl 1, p.136-145. Disponível em: <http://www.julioperes.com.br/upload/files/52ee3fd717.pdf>. Acesso em: 23 jan. 2014

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