segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Morte e Consciência

O que seria a morte?


A morte tornou-se questão para o homem a partir de seus sentimentos ambivalentes para com o outro. A morte de um inimigo podia ser concebida sob forma de aniquilamento total, mas a perda de um ente querido bem como odiado sob alguns aspectos fê-lo criar a noção de alma, de uma continuação pós-morte, de forma que este, que antes da morte era fonte de ódio e amor, passa a também ser fonte de temor e respeito como espírito (Freud, 1914-16, p.332-333, como citado em Alves, 2013).

A morte, até pouco tempo, tinha por definição geral, o momento em que a mente e o corpo deixavam de funcionar ao mesmo tempo, o “ultimo suspiro” ou quando o coração não batia mais. Os testes para essa comprovação, pela simplicidade, não tinham problemas para comprovar a ausência de pulso, dos batimentos cardíacos e dos movimentos dos pulmões. Observam-se as representações que estão ligadas ao "morrer", temas e signos que marcam sua trajetória na literatura: sono, noite, trevas, terra, céu, destino, etc...
A morte recebeu inúmeros conceitos ao passar dos anos devido aos avanços tecnológicos da medicina e das informações que eram disponibilizadas, tanto por conta dos valores culturais da sociedade acerca do assunto quanto pelo conhecimento cientifico. Segundo Lima (2004) definiu-se, então, um conceito para cada um dos tópicos estudados, para que assim, houvesse apenas um conceito universal para todos os países:

O conceito de morte reflete a compreensão social dos limites possíveis da vida e baseia-se na experiência vivida. Relaciona-se de forma complexa com o conhecimento cientifico. Os critérios de morte refletem o que julgamos necessário acontecer – à luz do conhecimento fisiopatológico – para que aquilo que estabelecemos como morte possa acontecer. Os testes são os procedimentos práticos que nos ajudam a determinar quando os critérios são satisfeitos, ou seja, quando ocorre a morte (Lima, 2004, p. 07).

Souza (2009, como citado em Alves, 2013) esclarece que embora a biociência e a medicina estudem o processo físico da morte, é papel da psicologia compreender a mente diante da finitude da vida. A morte acompanha todo o trajeto do ser humano desde o seu nascimento até o encerramento do ciclo vital, traz consigo uma carga emocional relativamente alta, seja em quem está em seu estado terminal, seja naqueles que estão a sua volta. Atualmente, morrer passou a ser visto como um processo e não mais como um evento ou momento.

As implicações do diagnóstico da morte para a compreensão das experiências de quase-morte.


A morte clínica é observada quando há parada das funções cardíacas, respiratórias e do funcionamento cerebral, mas, com possibilidade de reanimação. Essas situações não definem o momento da morte propriamente dita. Atualmente, existem vários métodos para o diagnóstico de morte. A reanimação confirma que a morte não é um evento que ocorre apenas uma vez. Por isso, faz-se necessária a distinção entre a morte dita clínica e a morte vital.
Na morte vital, não existe a possibilidade de reanimação, é quando ocorre a morte das células do corpo. A morte vital é “uma parada irreversível das funções vitais” (Souza, 2009, p.58, como citado em Alves, 2013). “[...] Em outras palavras, a ‘morte’ é definida como o estado do corpo do qual é impossível voltar à vida” (Moody, 1979, p.142, como citado em Alves, 2013). Mas, como informa Souza (2009, como citado em Alves, 2013), entre a morte clínica e a morte vital existe uma distância temporal de aproximadamente cinco minutos, podendo chegar até os trinta minutos. Isso nos leva a refletir que em alguns casos de experiências de quase-morte, a pessoa foi diagnosticada como morta clinicamente, embora ainda estivesse viva e, portanto, o seu cérebro ainda não tinha parado de funcionar durante a EQM. Essa reflexão apóia o pressuposto científico de que a consciência é uma função do cérebro.
O diagnóstico de morte encefálica é decisivo na busca pela confirmação do pressuposto mencionado; é definido pela total ausência das atividades ou funções cerebrais e, consequentemente, pela perda da consciência. Este diagnóstico é a máxima expressão da insuficiência do cérebro, havendo inclusive a perda dos reflexos do tronco cerebral. (Alves, 2013). A ocorrência de uma EQM em um quadro assim seria um forte indicador para questionar a validade do pressuposto assumido cientificamente.
 Na maioria das vezes, quem passa por uma morte clínica e é reanimado, não se lembra de nada do que ocorreu. Algumas pessoas relatam que parecia como se elas estivessem em um sonho e o fato de acordar pudesse ter apagado o que elas tinham visto e/ou vivido. Em outros casos, são relatados, que os indivíduos lembram vividamente de tudo o que aconteceu durante todo o processo de morte clínica. Parte desses relatos evidenciam experiências muito vívidas do que estava ocorrendo ao seu redor e/ou em torno do indivíduo, essas experiências são chamadas de EQM.
     Segundo Borges (1999, como citado em Alves, 2013) na EQM, a consciência extracorpórea não percebe apenas o mundo físico, mas parece relacionar-se com outro tipo de realidade não-física, experimentando com freqüência um sentimento profundo de amor e de paz, assim como de unidade com todo o universo.
     De acordo com Greyson (2007, como citado em Alves, 2013) os aspectos transcendentais ou místicos e a ocorrência de um funcionamento mental ampliado, quando o cérebro está gravemente danificado, desafiam a teoria comum da neurociência, a qual afirma que a consciência é unicamente o produto de processos cerebrais, ou que a mente é meramente um epifenômeno (um fenômeno juntando a outro). O conhecimento da relação mente-cérebro poderia ser ampliada através de uma exploração de ocorrências extraordinárias como a EQM, que pode revelar as limitações do modelo atual de compreensão e afirmar a necessidade de se desenvolver um modelo explicativo mais abrangente (Alves, 2013).  A compreensão do tema ainda está nos seus primórdios.


Bibliografias

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